20 de set. de 2012

Entendendo Colossenses 2:16 à luz das Escrituras


ENTENDENDO COLOSSENSES 2:16 À LUZ DAS ESCRITURAS

       
             Este texto, em se tratando de guarda do Sábado, é o maior causador de confusão, pois a ‘’olho nu’’ claramente parece que Paulo isenta o cristão de guardar o Sábado. Mas ‘’olho nu’’ perante a Bíblia Sagrada é um risco grande a se correr; talvez por isto existam tantas religiões e congregações cristãs no Brasil e no mundo. Uma congregação considera errado a mulher cortar o cabelo curto, outra considera errado doar sangue, outra, por sua vez, considera errado a mulher usar  maquiagem, outra considera o Sábado um dia santo, outra considera o Domingo um dia santo, uma pensa que Jesus vai voltar de um jeito, outra pensa que vai voltar de outro jeito, enfim. São muitas religiões e congregações com pensamentos diferentes, o único bem em comum é a Bíblia Sagrada, porém interpretada de diversas maneiras. Quem tem a razão? Estes ou aqueles? Na verdade, eu considero que o mundo religioso de hoje não permite que você não estude a Bíblia Sagrada a fundo, pois se há tantas denominações religiosas baseadas na Bíblia Sagrada, como saber que a sua não é só mais uma dentre tantas? Como saber se a sua é a ideal? É claro que com um dedicado estudo bíblico, pois Deus revela a verdade a quem a busca. Lembre-se de que devemos conhecer a verdade, para depois a verdade nos libertar. E só conheceremos a verdade se nós estudarmos, com o auxilio do Espírito, a Palavra de Deus.


Nós precisamos entender Cl 2:14-17 à luz do seu contexto e aspecto escriturístico exegético e hermenêutico. Para que fique claro, esta passagem não está abolindo a guarda do Sábado. Por que não? Vamos ver:

''Havendo riscado o escrito de dívida que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-o na cruz.'' (v 14)
Paulo começa argumentando o tema dizendo que são ordenanças e que foram cravadas da cruz. Bom, em primeiro lugar, o Sábado começou na criação (Gn 2:1-3; Ex 20:11); se ele começou na criação, onde não tinha pecado, não pode ser cravado na cruz; pois a cruz veio como solução para o problema que é o pecado. Não há cabimento algum na afirmação de alguns apologistas, que dizem que o Sétimo dia da criação não é o mesmo Sábado do decálogo, isto é um absurdo tremendo, pois na justificativa que Deus dá para o guarda do Sétimo dia, Ele diz: ''Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou.'' (Ex 20:11); se isto ai não for Criação, eu não sei mais o que é criação. Na tentativa de ''arrancar'' da Bíblia justificativas para tal pensamento, muitos afirmam que o fato de não ser mencionado ''e houve tarde e manhã, o sétimo dia'', é ponto claríssimo para provar que o Sábado não começou na Criação. Porém, tais apologistas esquecem que o termo hebraico ''Yom'' que quer dizer ''dia'', sempre se refere a um período específico de um dia inteiro de ''tarde e manhã'' quando é adicionado a ele um numeral, neste caso, Sétimo (Gn 2:3). Mas vamos seguir com Paulo: 

''Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, 'Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.'' (v 16-17)

Nesta passagem Paulo pode sim estar se referindo ao Sábado semanal, ao contrário do que muitos pensam no até no meio adventista, o pensamento de que Paulo trata dos sábados cerimoniais paira sobre muitas cabeças, adventistas e não adventistas, como Adam Clark, teólogo não adventista. Entretanto o Sábado semanal não pôde ser cravado na cruz, por que começou na criação, ou seja, não era cerimonial para ser cumprido em Cristo, era e é mandamento moral. 

O primeiro ponto é que Paulo não está tratando da guarda de dias, o contexto não é este, o contexto é o escrito de dívida que era sombra das coisas futuras. Paulo está tratando de cerimônias onde comidas e bebidas eram servidas, cerimonias que se cumpriram em Cristo, como os sacrifícios de animais. Compare com Hebreus 10:1: '''Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os ofertantes. '' Claramente ele atribui ''sombras'' às cerimônias sacrificais (ver Hb 9:9-11). 

O segundo ponto é a trilogia que Paulo usa ''dias de festas, luas novas e sábados'', várias vezes usada no Velho Testamento, na mesma ordem ou inversa, esta trilogia faz referencia à festas anuais (dias de festas), mensais (luas novas) e semanais (sábados). Entretanto, esta trilogia nunca é ligada à guarda dos dias e sim de cumprimento de cerimônias, ou seja, sempre que essa trilogia é usada, nunca se refere a guarda de dias e sim de cerimônias solenes (Os 2:11, 1 Cr 23:31, etc). Sabemos que as festas fixas e as luas novas eram solenidades onde havia cerimônias, mas o que o Sábado tem a ver com isso? Vamos então ao Velho Testamento para entendermos quando começa essa trilogia? 

Número 28:9 diz o seguinte: '''Porém, no dia de sábado, oferecerás dois cordeiros de um ano, sem defeito, e duas décimas de flor de farinha, misturada com azeite, em oferta de alimentos, com a sua libação.''  O Sábado era especial tanto para Deus quanto para seu povo. No dia de Sábado, o cerimonial era diferente, ao invés de ser o cordeiro, e a décima de sempre, no Sábado era o dobro. Claramente, o Sábado do Sétimo dia, cerimonialmente, também tinha um aspecto especial (embora não houvesse este princípio, pois o seu princípio é moral).

Com este princípio, Davi quando foi estabelecer os turnos da Casa do Senhor (1 Cr 23), ele se preocupou em lembrar que o Sábado também deveria ser especial cerimonialmente, além de moralmente (ver Ec 12:13), assim como as festas fixas e as luas novas. Daí surgiu a trilogia ''dias de festas, luas novas e sábados''  (v 31). Davi conclui toda a arrumação dos turnos da Casa do Senhor, quando diz:'''E para oferecerem os holocaustos do SENHOR, aos sábados, nas luas novas, e nas festas fixas, segundo o seu número e costume, continuamente perante o SENHOR;''  Na declaração que iniciou esta trilogia (usada por Paulo), o contexto estava longe de ser a guarda de dias, tanto que Davi diz ''oferecerem holocaustos'', assim como Moisés ordenou que seriam diferentes no dia de Sábado (Nm 28:9-10). Davi estava atentando para isto, por isso ele disse ''o seu número e costume'', claramente lembrando das recomendações de Moisés acerca do Sábado cerimonialmente. Davi quando iniciou esta trilogia (semanal, mensal e anual) não estava tratando da guarda destas solenidades, e sim das cerimônias que acompanhavam estas solenidades. Este também é o pensamento de Paulo, vamos ver mais para frente.

Agora podemos entender por que Paulo chama de escrito de dívida, do grego ''Cheirografôn'', que era um documento de dívida onde alguém declararia pagar a dívida de alguém em certo prazo. Quando o homem pecou, Deus prometeu o Messias (Gn 3:15). Deus redigiu um  ''Cheirografôn'' que passaria a dívida para Ele e Ele mesmo pagaria em nosso lugar. Só que Paulo também afirma que o escrito de dívida (Cheirografôn) constava de ordenanças; após a Queda, Deus estabeleceu ordenanças que apontariam ou simbolizariam aquele dia no qual Ele mesmo pagaria a dívida. Estas ordenanças consentiam em ''prescrições que tratavam de comida e bebida e de várias cerimônias '' (Hb 9:10). Cerimônias estas que não eram deixadas de lado aos Sábados, pelo contrário, nos Sábados havia prescrições especiais. Neste sentido, o Sábado é abolido, no sentido cerimonial nele embutido, não nele essencialmente. 

Quando Paulo diz '''Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados,''  ele não está abolindo nem as festas e nem as luas novas como festivais sem fins cerimoniais (para o conhecedor da verdade); tanto que ele mesmo fazia questão de participar de algumas solenidades (At 20:16; 1 Co 16:8), do mesmo jeito que ele não aboliu a circuncisão sem fins cerimoniais ou legalistas, pois ele circuncidou a Timóteo (At 16:3). Ele está dizendo que aquelas cerimônias, onde comida e bebida eram servidas, quer fosse a Lua Nova, quer fosse as festas, quer fosse o Sábado, eram sombras da realidade que é Cristo. O Sábado semanal só é encontrado neste grupo, por que ele foi usado por Deus como um dia especial também para as cerimônias (Nm 28:9-19; 1 Cr 23) e não por que ele era cerimonial em si. 

Muitos tentam jogar tudo por terra com a afirmação de que o Sábado da Criação é diferente daquele do Decálogo. Mas, na minha opinião, isto é completamente ilógico. Quando Deus dá o mandamento do Sábado, Ele diz por que o deu, a saber: '''Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou''. Pra mim isso ai é Criação! Que Deus queria dar o exemplo é claro em Ex 31:17, por que Deus não se cansa (Is 40:28). 


Este, além de ser um estudo meu, foi baseado numa resposta que eu dei a um amado irmão e amigo apologista da querida Assembleia de Deus.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Olá amigo, vc poderia m explicar a que se refere as comidas e bebidas desse verso? Que tipo de comidas são essas? Estou a 5 dias estudando esse capítulo, e não sai dele ainda por causa dessa expressão

    ResponderExcluir